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sábado, 9 de abril de 2011

Anita Malfatti - A Vida e a Arte

Anita Malfatti nasceu em São Paulo em 2 de dezembro 1889. Não tinha um berço de ouro, mas também não passava por dificuldades. Seu pai, o italiano Samuel Malfatti, era engenheiro. Sua mãe, dona Elisabete, de nacionalidade americana, era pintora, desenhista, falava vários idiomas e tinha uma sólida cultura, cuidando pessoalmente da educação da filha.
  Bem estruturada, Anita não encontrou maiores dificuldades em passar pelo exame de seleção do Mackenzie College, onde fez a Escola Normal e se formou professora, aos 19 anos.
     Foi então que o destino lhe armou mais uma tragédia. Nem bem se formara e morre-lhe o pai, a quem tinha forte apego, e que era o arrimo da família.
     A partir de então, a mãe passou a dar aulas de idiomas e de pintura, enquanto que, para complementar o orçamento doméstico, Anita começou também a trabalhar como professora.
     O talento para a pintura, revelado pela moça, sensibilizou o tio e o padrinho. Juntos e, embora com sacrifício, conseguiram reunir uma soma em dinheiro, patrocinando a ela uma viagem de estudos à Alemanha. Em 1916, com 27 anos, a pintora estava de volta ao Brasil, adulta e madura, sentindo-se suficientemente segura para expor sua nova concepção de arte, voltada para o Expressionismo.
     Fiando-se nos comentários favoráveis de amigos e, particularmente, do crítico Nestor Rangel Pestana, assim como nas palavras de incentivo de modernistas como Di Cavalcanti e outros, Anita não hesitou em alocar um espaço nas dependências do Mappin Stores, na rua Líbero Badaró, onde, em 12 de dezembro de 1917, realizou uma única apresentacão de seus trabalhos.
     Ninguém, nem mesmo o mais experiente freqüentador do mercado de arte, poderia prever o tiroteio que seria disparado contra a jovem pintora, vindo, não das hostes inimigas, mas das trincheiras amigas, justamente das mãos de um renovador, o escritor Monteiro Lobato (1882-1948).
 
Lobato fora, desde o início de sua carreira, um pré-modernista. Irritado com os padrões oficiais de educação e cultura, desvinculou-se das normas padronizadas da literatura, criando um estilo livre, avançado, valorizando a cultura nacional e discutindo temas voltados internamente para os problemas brasileiros.Ao contrário do que se imagina, Monteiro Lobato sequer foi à exposição de Anita Malfatti. Não viu nada e não gostou do que não viu.
 
Mas, em artigo virulento, publicado no jornal «O Estado de São Paulo», depois de criticar as extravagâncias de «Picasso & Cia.», o escritor assestou as baterias contra Anita, esperando que as balas ricocheteassem, atingindo seu alvo principal, que eram  modernistas, companheiros da pintora.
Foi uma reação inesperada, que espantou até os que conheciam o destempero do escritor, e inexplicável, pois sua editora, havia pouco tempo, publicara um livro do modernista Oswald de Andrade, cuja capa fora desenhada justamente por Anita Malfatti. 
Nem as palavras mas afáveis, ou menos agressivas, despejadas ao final do artigo, nem os elogios ao seu talento, colocados no início, poderiam desfazer tamanho estrago sobre a personalidade tímida e irresoluta de Anita, que caiu em forte depressão, vivendo um período de desorientação total e de descrença, um sentimento que carregou pelo resto da vida. 
Sua primeira reação foi o abandono total à arte. Depois, passado um ano, dando uma guinada de 180 graus, foi tomar aulas de natureza-morta com o mestre Pedro Alexandrino Borges (1856-1942), ocasião em que conheceu Tarsila do Amaral, início de uma longa e proveitosa amizade.
Tarsila foi para a Europa e Anita passou a estudar com outro mestre conservador, 
Jorge Fischer Elpons (1865-1939), também especialista em naturezas-mortas. 
  
Instada por amigos, participou da Semana de Arte Moderna de 1922 e, no ano seguinte, com uma bolsa de estudos, viajou a Paris, onde se encontrou com Tarsila, Oswald, Brecheret e Di Cavalcanti. De lá voltou, com a confiança recuperada, mas disposta a não se atirar em novas aventuras. 
Sua arte, a partir daí, virou uma salada russa, logo notada pelos críticos: «A Sra. Malfatti faz o viajante percorrer os séculos e os gêneros. É primitiva, clássica, e moderna avançada, faz retratos e naturezas-mortas.»
 
A exposição de 1917 se deu em momento errado, no local errado e com a pessoa errada. As críticas de Lobato não se dirigiam a ela mas aos modernistas, com quem o escritor tinha um ajuste de contas. Anita Malfatti se viu no meio do tiroteio e foi atingida mortalmente pelas balas perdidas.
Considerada por Pietro Maria Bardi como a maior pintora brasileira, ela jamais se recuperou do golpe sofrido.
 
Como diria mais tarde Mário de Andrade: «Ela fraquejou, sua mão, indecisa, se perdeu.» 
Já com idade madura, Anita mudou-se, com sua irmã Georgina, para uma chácara em Diadema (SP), onde morreu em 6 de novembro de 1964, alienada do mundo, cuidando do jardim e vivendo seus próprios devaneios.
  
MÁRIO DE ANDRADE, O AMOR SECRETO DE ANITA 
Contra todos, Anita lutou sozinha tendo a seu lado um único, fiel amigo, confidente, companheiro, defensor e - agora se sabe - sua paixão nem tão secreta assim. A outros amigos Mário se abria e Manuel Bandeira, em carta, alertou:"O que lhe contaram de Anita não era intriga. Ela está apaixonada
por você e esperava que você se definisse. 
Mário morreu 19 anos antes de Anita, sem nunca lhe dar essa definição.
As cartas de Anita vinham da Fazenda Costa Pinto, onde passava férias em Piracicaba, de São Paulo mesmo, a bordo do Mosella, que a levou por um período de cinco anos para a Europa, de Paris, Veneza, Lucca, Roma, Mônaco, Lourdes, Florença, Rio de Janeiro e até de Niterói. 
As de Mário partiam da Paulicéia, as últimas do Rio: Mário nunca foi à Europa. Escreveu para Anita: "Estou perdendo a esperança de ir na Europa. Aliás, isso não me entristece muito, não, porque franqueza: a não ser ver os amigos não tenho nada que fazer aí." 
Anita Catarina Malfatti (São Paulo, 2 de dezembro de 1889 — São Paulo, 6 de novembro de 1964) foi uma pintora, desenhista, gravadora e professora brasileira. 
 FONTE: Wikipedia.Anita_Malfatti
 FONTE: Pitoresco.com

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